Catecismo Menor - Martinho Lutero

OS DEZ MANDAMENTOS

Como o chefe de família deve ensiná-los com toda a simplicidade em sua casa.

Primeiro Mandamento

Eu sou o Senhor, teu Deus. Não terás outros deuses diante de mim.
Que significa isto?
Devemos temer e amar a Deus e confiar nele acima de todas as coisas.

Segundo Mandamento

Não tomarás em vão o nome do Senhor, teu Deus, porque o Senhor não terá por inocente o que tomar o seu nome em vão.
Que significa isto?
Devemos temer e amar a Deus e, portanto, em seu nome não amaldiçoar, jurar, praticar a feitiçaria, mentir ou enganar; mas devemos invocá-lo em todas as necessidades, orar, louvar e agradecer.

Terceiro Mandamento

Santificarás o dia do descanso.
Que significa isto?
Devemos temer e amar a Deus e, portanto, não desprezar a pregação e a sua palavra; mas devemos considerá-la santa, gostar de a ouvir e estudar.

Quarto Mandamento

Honrarás a teu pai e a tua mãe, para que vás bem e vivas muito tempo sobre a terra.
Que significa isto?
Devemos temer e amar a Deus e, portanto, não desprezar, nem irritar nossos pais e superiores; mas devemos honrá-los, servi-los, obedecer-lhes, amá-los e querer-lhes bem.

Quinto Mandamento

Não matarás.
Que significa isto?
Devemos temer e amar a Deus e, portanto, não causar dano ou mal algum ao nosso próximo em seu corpo; mas devemos ajudar-lhe e favorecê-lo em todas as necessidades corporais.

Sexto Mandamento

Não cometerás adultério.

Que significa isto?

Devemos temer e amar a Deus e, portanto, viver uma vida casta e decente em palavras e ações, e cada qual ame e honre seu consorte.

Sétimo Mandamento

Não furtarás.
Que significa isto?
Devemos temer e amar a Deus e, portanto, não tirar ao nosso próximo o dinheiro ou os bens, nem nos apoderar deles por meio de mercadorias falsificadas ou negócios fraudulentos; mas devemos ajudá-lo a melhorar e conservar os seus bens e o seu meio de vida.

Oitavo Mandamento

Não dirás falso testemunho contra o teu próximo.
Que significa isto?
Devemos temer e amar a Deus e, portanto, não mentir com falsidade, trair, caluniar ou difamar o próximo; mas devemos desculpá-lo, falar bem dele e interpretar tudo da melhor maneira.

Nono Mandamento

Não cobiçarás a casa do teu próximo.
Que significa isto?
Devemos temer e amar a Deus e, portanto, não pretender adquirir, com astúcia, a herança ou casa do próximo, nem nos apoderar dela sob aparência de dir­eito; mas devemos ajudar-lhe e servi-lo para conservá-la.

Décimo Mandamento

Não cobiçarás a mulher do teu próximo, nem os seus empregados, nem o seu gado, nem coisa alguma que lhe pertença.
Que significa isto?
Devemos temer e amar a Deus e, portanto, não apartar, desviar ou aliciar a mulher do próximo, os seus empregados ou o seu gado; mas devemos aconselhá-los para que fiquem e cumpram o seu dever.

Que diz Deus de todos estes mandamentos?

Ele diz:
“Eu, o Senhor teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a iniqüidade dos pais nos filhos até a terceira e quarta geração daqueles que me aborrecem, e faço misericórdia até mil gerações daqueles que me amam e guardam os meus mandamentos”.
Que significa isto?
Deus ameaça castigar todos os que transgridem estes mandamentos; por isso devemos temer a sua ira e não transgredi-los. Mas ele promete graça e todo o bem aos que os guardam. Por isso mesmo devemos amá-lo, confiar nele e de boa vontade cumprir os seus mandamentos.

O CREDO APOSTÓLICO

Como o chefe de família deve ensiná-lo com toda a simplicidade em sua casa.

O Primeiro Artigo

Da Criação
Creio em Deus Pai todo-poderoso, Criador do céu e da terra.
Que significa isto?
         Creio que Deus me criou a mim e a todas as criaturas; e me deu corpo e alma, olhos, ouvidos e todos os membros, razão e todos os sentidos, e ainda os conserva; além disso me dá vestes, calçados, comida e bebida, casa e lar, esposa e filhos, campos, gado e todos os bens. Supre-me abundante e diariamente de todo o necessário para o corpo e a vida; protege-me contra todos os perigos e me guarda de todo o mal. E tudo isso faz unicamente por sua paterna e divina bondade e misericórdia, sem nenhum mérito ou dignidade da minha parte. Por tudo isto devo dar-lhe graças e louvor, servi-lo e obedecer-lhe. Isto é certamente verdade.

O Segundo Artigo

Da Redenção
         E em Jesus Cristo, seu único Filho, nosso Senhor, o qual foi concebido pelo Espírito Santo, nasceu da virgem Maria, padeceu sob Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado, desceu ao inferno, no terceiro dia ressuscitou dos mortos, subiu ao céu, e está sentado à direita de Deus Pai todo-poderoso, donde há de vir a julgar os vivos e os mortos.
Que significa isto?
         Creio que Jesus Cristo, verdadeiro Deus, gerado do Pai desde a eternidade, e também verdadeiro homem, nascido da virgem Maria, é meu Senhor. Pois me remiu a mim, homem perdido e condenado, me resgatou e salvou de todos os pecados, da morte e do poder do diabo; não com ouro ou prata, mas com seu santo e precioso sangue e sua inocente paixão e morte, para que eu lhe pertença e viva submisso a ele, em seu reino, e o sirva em eterna justiça, inocência e bem-aventurança, assim como ele ressuscitou dos mortos, vive e reina eternamente. Isto é certamente verdade.

O Terceiro Artigo

Da Santificação

         Creio no Espírito Santo, na santa Igreja Cristã – a comunhão dos santos, na remissão dos pecados, na ressurreição da carne e na vi­da eterna. Amém.
Que significa isto?
         Creio que por minha própria razão ou força não posso crer em Jesus Cristo, meu Senhor, nem vir a ele. Mas o Espírito Santo me chamou pelo evangelho, iluminou com seus dons, santificou e conservou na verdadeira fé. Assim também chama, congrega, ilumina e santifica toda a cristandade na terra, e em Jesus Cristo a conserva na verdadeira e única fé. Nesta cristandade perdoa a mim e a todos os crentes diária e abundantemente todos os pecados, e no dia derradeiro me ressuscitará a mim e a todos os mortos, e me dará a mim e a todos os crentes em Cristo a vida eterna. Isto é certamente verdade.

O PAI NOSSO


Como o chefe de família deve ensiná-lo com toda a simplicidade em sua casa.

Introdução

Pai nosso, que estás nos céus.
Que significa isto?
         Deus quer atrair-nos carinhosamente com estas palavras, para crermos que ele é o nosso verdadeiro Pai e nós, os seus verdadeiros filhos, para que lhe roguemos sem temor, com toda a confiança, como filhos amados ao querido pai.

Primeira Petição

Santificado seja o teu nome.
Que significa isto?
         O nome de Deus, na verdade, é santo em si mesmo. Mas suplicamos nesta petição que seja santificado também entre nós.

Quando sucede isto?

         Quando a palavra de Deus é ensinada clara e puramente, e nós, como filhos de Deus, também vivemos uma vida santa, em conformidade com ela; concede-nos isso, querido Pai do céu. Aquele, porém, que ensina e vive de modo diverso do que diz a palavra de Deus, profana o nome de Deus entre nós; guarda-nos disso, ó Pai celeste!

Segunda Petição

Venha o teu reino.
Que significa Isto?
         O reino de Deus vem, na verdade, por si mesmo, sem a nossa prece; mas suplicamos nesta petição que venha também a nós.
Quando sucede isto?
         Quando nosso Pai celeste nos dá o seu Espírito Santo, para crermos, por sua graça, em sua santa palavra, e vivermos uma vida com Deus neste mundo e na eternidade.

Terceira Petição

Seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu.
Que significa isto?
         A boa e misericordiosa vontade de Deus, em verdade, é feita sem a nossa prece; mas suplicamos nesta petição que seja feita também entre nós.
Quando sucede isto?
         Quando Deus desfaz e impede todo mau conselho e vontade dos que não nos querem deixar santificar o seu nome, nem permitir que venha o seu reino, tais co­mo a vontade do diabo, do mundo e da nossa carne; e quando, por outro lado, nos fortalece e preserva na sua palavra e na fé, até o fim. Esta é a sua boa e misericordiosa vontade.

Quarta Petição

O pão nosso de cada dia nos dá hoje.
Que significa isto?
         Deus, em verdade, dá o pão de cada dia, mesmo sem a nossa prece, a todos os homens, também aos ímpios. Mas suplicamos nesta petição que nos faça reconhecê-lo e receber com agradecimento o pão nosso de cada dia.
Que significa o pão de cada dia?
         Tudo o que pertence ao sustento e às necessidades da vida, como por exemplo: comida, bebida, vestes, calçado, casa, lar, campos, gado, dinheiro, bens, consorte fiel, filhos piedosos, empregados fiéis, superiores piedosos e fiéis, bom governo, bom tempo, paz, saúde, disciplina, honra, leais amigos, bons vizinhos e coisas semelhantes.

Quinta Petição

E perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós também perdoamos aos nossos devedores.
Que significa isto?
         Suplicamos nesta petição que o Pai celeste não observe os nossos pecados, nem por causa deles recuse as nossas preces; pois somos indignos de todas as coisas que pedimos, nem as merecemos; mas no-las conceda todas por graça, visto pecarmos muito diariamente e nada merecermos senão castigo. Da mesma forma queremos nós perdoar de coração, e de boa vontade fazer o bem aos que pecam contra nós.

Sexta Petição

E não nos deixes cair em tentação.
Que significa isto?
         Deus, em verdade, não tenta ninguém; mas suplicamos nesta petição que nos guarde e preserve, para que o diabo, o mundo e a nossa carne não nos enganem, nem nos seduzam a crenças falsas, desespero ou qualquer outra grande infâmia ou vicio; e ainda que tentados, vençamos afinal e retenhamos a vitória.

Sétima Petição

Mas livra-nos do mal.
Que significa isto?
         Suplicamos, em resumo, nesta petição que o Pai celeste nos livre de todos os males que afetam o corpo e a alma, os bens e a honra, e, finalmente, quando vier a nossa hora derradeira, nos conceda um fim bem­-aventurado e nos leve, por graça, deste vale de lágrimas para junto de si, no céu.

Conclusão

Pois teu é o reino, e o poder, e a glória, para sempre. Amém.
Que significa Amém?
         Devo estar certo de que estas petições são agra­dáveis ao Pai celeste e ouvidas por ele; pois ele mesmo nos ordenou orar desta maneira e prometeu atender-nos. Amém, Amém, isto significa: Sim, assim seja!

O SACRAMENTO DO SANTO BATISMO


Como o chefe de família deve ensiná-lo com toda a simplicidade em sua casa.

Primeiro

Que é o Batismo?

         O batismo não é apenas água simples, mas é a água compreendida no mandamento divino e ligada à palavra de Deus:
Qual é esta palavra de Deus?
         É a que nosso Senhor Jesus Cristo diz no último capitulo de Mateus: “Ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo”.

Segundo

Que dá ou aproveita o batismo?

         Opera a remissão dos pecados, livra da morte e do diabo, e dá a salvação eterna a quantos crêem, conforme dizem as palavras e promessas de Deus.
Quais são estas palavras e promessas de Deus?
         São as que nosso Senhor Jesus Cristo diz no último capítulo de Marcos: “Quem crer e for batizado será salvo; quem, porém, não crer será condenado”.

Terceiro

Como pode a água fazer coisas tão grandes?

         A água, em verdade, não as faz, mas a palavra de Deus que está unida à água, e a fé que confia nesta palavra de Deus unida com a água. Pois sem a pa­lavra de Deus, a água é simples água e não batismo. Mas com a palavra de Deus, a água é batismo, isto é, água de vida, cheia de graça e um lavar de renasci­mento no Espírito Santo, como diz Paulo na carta a Tito, no capítulo terceiro.
         “(Deus) nos salvou mediante o lavar regenera­dor renovador do Espírito Santo, que ele derramou sobre nós ricamente, por meio de Jesus Cristo, nosso Salvador, a fim de que, justificados por sua graça, nos tornemos seus herdeiros, segundo a esperança da vida eterna. Fiel é esta palavra”.

Quarto

Que significa este batizar com água?
         Significa que o velho homem em nós, por contrição e arrependimento diários, deve ser afogado e morrer com todos os pecados e maus desejos, e, por sua vez, sair e ressurgir diariamente novo homem, que viva em justiça e pureza diante de Deus eternamente.
Onde está escrito isto?
         Paulo diz em Romanos, capitulo sexto: “Fomos sepultados com Cristo na morte, pelo batismo; para que como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim também andemos nós em novidade de vida”.

O OFÍCIO DAS CHAVES E A CONFISSÃO

Como o chefe de família deve ensiná-los com toda a simplicidade em sua casa.

Que é o ofício das chaves?

         É o poder peculiar que Cristo deu à sua igreja na terra, para perdoar os pecados aos pecadores penitentes e retê-los aos impenitentes, enquanto não se arrependerem.
Onde está escrito isto?
         Nosso Senhor Jesus Cristo diz a Pedro, no evangelho de Mateus, capítulo dezesseis: “Dar-te-ei as chaves do reino dos céus; o que ligares na terra, terá. sido ligado nos céus; e o que desligares na terra, terá sido desligado nos céus”. De modo semelhante diz o Senhor aos discípulos no evangelho de João, capitulo vinte: “Recebei o Espírito Santo. Se de alguns per­doardes os pecados, .são-lhes perdoados; se lhos retiverdes, são retidos”.

Que crê segundo estas palavras?

         Creio que tudo quanto os ministros de Cristo, devidamente chamados, fazem conosco por sua ordem divina, é tão válido e certo no próprio céu, corno se Cristo mesmo, nosso Senhor, tratasse pessoalmente conosco, especialmente quando excluem da congregação cristã os pecadores manifestos e impenitentes e quando absolvem aqueles que se arrependem dos seus pecados e querem corrigir a sua vida.
Que é a confissão?
         A confissão compreende duas partes: primeiro, que confessemos os nossos pecados; segundo, que aceitemos a absolvição do confessor corno de Deus mesmo, sem duvidar de modo algum, mas crendo firme­mente que por ela os pecados são perdoados perante Deus no céu.

Que pecados devemos confessar?

         Perante Deus devemos confessar-nos culpados de todos os pecados, também os que ignoramos, corno o fazemos no Pai Nosso. Mas perante o confessor deve­mos confessar somente os pecados que conhecemos e sentimos no coração.
Quais são estes?
         Examina o teu estado à luz dos dez mandamentos: se és pai, mãe, filho, filha, patrão, patroa, empregado; se foste desobediente, infiel, negligente, irado, licencioso, contencioso; se fizeste mal a alguém com palavras ou ações; se roubaste, descuraste ou cometeste algum dano.

BREVE FORMA DA CONFISSÃO DOS PECADOS AO MINISTRO

Como confessas os teus pecados ao confessor?

         Rogo-vos ouvir minha confissão e anunciar-me a absolvição, em nome de Deus.  Em seguida, confessa-te culpado de todos os pecados perante Deus; e ao confessor dize o pecado que especialmente te oprime. Podes concluir a confissão com estas palavras: Tudo isto eu deploro. Rogo misericórdia. Quero emendar-me.
Como se dá a absolvição?
         O confessor diz: Deus seja misericordioso para contigo e fortaleça tua fé! Amém. Crês que minha absolvição é a de Deus?
         Resposta: Creio, sim.
         Diz o confessor: Como crês, assim seja. E eu, por ordem de nosso Senhor Jesus Cristo, absolvo-te dos teus pecados, em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Amém. Vai em paz!

O SACRAMENTO DO ALTAR

(ou A Santa Ceia)

Como o chefe de família deve ensiná-lo com toda a simplicidade em sua casa.

Primeiro

Que é o Sacramento do Altar?

         É o verdadeiro corpo e sangue de nosso Senhor Jesus Cristo para ser comido e bebido, sob o pão e o vinho, por nós cristãos, como Cristo mesmo o instituiu.
Onde está escrito isto?
         Assim escrevem os santos evangelistas Mateus, Marcos, Lucas e o apóstolo Paulo: “Nosso Senhor Jesus Cristo, na noite em que foi traído, tomou o pão, e, tendo dado graças, o partiu e o deu aos seus discípulos, dizendo: Tomai, comei, isto é o meu corpo, que é dado por vós; fazei isto em memória de mim. A seguir, depois de cear, tomou também o cálice e, tendo dado graças, deu-lho, dizendo: Bebei dele to­dos; porque este cálice é a nova aliança no meu sangue, derramado em favor de vós para remissão dos pecados: fazei isto, todas as vezes que o beberdes, em memória de mim”.

Segundo

Que proveito há neste comer e beber?

         Isto nos indicam as palavras: “Dado e derramado em favor de vós para remissão dos pecados”. Por es­tas palavras nos são dadas no sacramento remissão dos pecados, vida e salvação. Pois onde há remissão dos pecados, há também vida e salvação.

Terceiro

Como pode o ato físico do comer e beber efetuar tão grandes coisas?

         O comer e o beber, em verdade, não as podem efetuar, mas sim as palavras: “Dado e derramado em favor de vós para remissão dos pecados”. Estas palavras, juntamente com o comer e o beber, são a coisa principal no sacramento. E o que crê nestas palavras, tem o que elas dizem e expressam, a saber, re­missão dos pecados.

Quarto

Quem recebe dignamente este sacramento?

         Jejuar e preparar-se corporalmente é, sem dúvida, boa disciplina externa. Mas verdadeiramente digno e bem preparado é aquele que tem fé nestas palavras: “Dado e derramado em favor de vós para remissão dos pecados”. Aquele, porém, que não crê nestas palavras ou delas dúvida, é indigno e não está preparado, pois as palavras “por vós” exigem corações verdadeiramente crentes.

Como o chefe de família deve ensinar a orar de manhã e de

noite em sua casa

Bênção da Manhã

         Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo! Amém.

         Então, de pé ou de joelhos, dize o Credo e o Pai Nosso. Se quiseres, podes dizer mais esta pequena oração:
         Meu Pai celestial, graças te dou, por Jesus Cristo, teu amado Filho, por me haveres defendido de todo o dano e de todos os perigos da noite passada, e peço­-te que me preserves também neste dia do pecado e de todo o mal, para que todas as minhas ações e a minha vida te agradem. Nas tuas mãos me entrego, de corpo e alma, bem como todas as cousas. Esteja comigo o teu santo anjo, para que o inimigo maligno não tenha poder algum sobre mim. Amém.

         Feito isto, começa o teu trabalho alegremente, cantando um hino como por exemplo, sobre os Dez Manda­mentos ou sobre qualquer cousa que a tua devoção te sugerir.

Bênção da Noite

         A noite, antes de recolher-te, faze o sinal da santa cruz, dizendo: Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo! Amém.

         Então, de pé ou de joelhos, dize o Credo e o Pai Nosso. Se quiseres, podes dizer mais esta pequena oração:
         Meu Pai celestial, graças te dou, por Jesus Cristo, teu amado Filho, por me haveres protegido bondosa­mente neste dia, e peço-te que me perdoes todos os pecados e o mal que fiz e me protejas por tua graça nesta noite. Nas tuas mãos me entrego, de corpo e alma, bem como todas as cousas. Esteja comigo teu santo anjo, para que o inimigo maligno não tenha poder algum sobre mim. Amém.
         Feito Isto dorme tranqüilamente.

Como o chefe de família deve ensinar a pedir bênção e dar

graças em sua casa

Bênção

Os filhos e os empregados achegar-se-ão à mesa com reverência, juntarão as mãos e dirão:
         Os olhos de todos esperam em ti, e tu lhes dás o seu mantimento a seu tempo. Abres a tua mão e satisfazes os desejos de todos os viventes. Amém.

Depois se dirá o Pai Nosso e a oração seguinte:
         Senhor Deus, Pai celestial, abençoa-nos a nós e a estes teus dons que de tua bondade vamos receber, por Jesus Cristo, nosso Senhor. Amém.

Agradecimento

Igualmente, depois da refeição, dirão com reverência e de mãos postas:
         Louvai ao Senhor, porque ele é bom, porque a sua benignidade é para sempre. É o que dá mantimento a toda a carne; o que dá aos animais o seu sustento, e aos filhos dos corvos, quando clamam. Não se deleita na força do cavalo nem se compraz nas pernas do varão. O Senhor se agrada dos que o temem e dos que esperam na sua misericórdia.
Depois se diz o Pai Nosso e a oração seguinte:
         Graças te damos, ó Senhor Deus, Pai celestial, por todos os teus benefícios, tu, que vives e reinas para sempre, mediante Jesus Cristo, nosso Senhor! Amém.

Tábua dos deveres


         Alguns versículos da Escritura Sagrada para as várias situações e estados da vida do cristão pelos quais o mesmo deve ser admoestado a respeito dos seus deveres.

Aos Pastores

         É necessário que o bispo seja irrepreensível, esposo de uma só mulher, temperante, sóbrio, modesto, hospitaleiro, apto para ensinar; não dado ao vinho, não violento, porém cordato, inimigo de contendas, não avarento; e que governe bem a sua própria casa, criando os filhos sob disciplina, com todo respeito; não seja neófito, para não suceder que se ensoberbeça, e in­corra na condenação do diabo; para que tenha poder, assim para convencer os que contradizem. 1Tm 3.2,3,4,6; Tt 1.9.

O que os ouvintes devem aos seus pastores

         Comei e bebei do que eles tiverem; porque digno é o trabalhador do seu salário. Lc 10.7.
         Ordenou também o Senhor aos que pregam o evangelho, que vivam do evangelho. 1Co 9.14.
         Aquele que está sendo instruído na palavra faça participante de todas as cousas boas aquele que o instrui. Não vos enganeis: de Deus não se zomba. Gl 6.6,7.
         Devem ser considerados merecedores de dobrada honra os presbíteros que presidem bem, com especialidade os que se afadigam na palavra e no ensino. Pois a Escritura declara: Não amordaces o boi, quando pisa o grão. E ainda: O trabalhador é digno do seu salário. 1Tm 5.17,18.
         Rogamos, irmãos, que acateis com apreço os que trabalham entre vós, os que vos presidem no Senhor e vos admoestam; e que os tenhais com amor em máxima consideração, por causa do trabalho que realizam. Vivei em paz uns com os outros. 1Ts 5.12,13.
         Obedecei aos vossos guias, e sede submissos para com eles; pois velam por vossas almas, como quem deve prestar contas, para que façam isto com alegria e não gemendo; porque isto não aproveita a vós ou­tos. Hb 13.17.

Do Governo

         Todo homem esteja sujeito às autoridades superiores; porque não há autoridade que não proceda de Deus; De modo que aquele que se opõe à autoridade, resiste à ordenação de Deus; e os que resistem trarão sobre si mesmos condenação; porque não é sem motivo que ela traz a espada; pois é ministro de Deus, vingador, para castigar o que pratica o mal. Rm 13.1,2,4.

Aos Cidadãos

         Dai a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus. Mt 22.21.
         É necessário que lhe estejais sujeitos, não somente por causa do temor da punição, mas também por dever de consciência. Por esse motivo também pagais tributos: porque são ministros de Deus, atendendo constantemente a este serviço. Pagai a todos o que lhes é devido: a quem tributo, tributo; a quem imposto, imposto; a quem respeito, respeito; a quem honra, honra. Rm 13.5-7.
         Antes de tudo exorto que se use a prática de súplicas, orações, intercessões, ações de graça, em favor de todos os homens, em favor dos reis e de todos os que se acham investidos de autoridade, para que vivamos vida tranqüila e mansa, com toda piedade e respeito. Isto é bom e aceitável diante de Deus nosso Salvador. 1Tm 2.1-3.
         Lembra-lhes que se sujeitem aos que governam, às autoridades; que sejam obedientes. Tt 3.1.
         Sujeitai-vos a toda instituição humana por causa do Senhor; quer seja ao rei, como soberano; quer às autoridades como enviadas por ele, tanto para castigo dos malfeitores, como para louvor dos que praticam o bem. 1Pe 2.13,14.

Aos Maridos

         Maridos, vós, igualmente, vivei a vida comum do lar, com discernimento; e, tendo consideração para com a vossa mulher como parte mais frágil, tratai-a com dignidade, por isso que sois juntamente herdeiros da mesma graça de vida, para que não se interrompam vossas orações. 1Pe 3.7.
         E não as trateis com amargura. Cl 3.19.

As Esposas

         Vós, mulheres sede submissas a vossos próprios maridos, como ao Senhor, como fazia Sara, que obedeceu a Abraão, chamando-lhe senhor, da qual vós vos tornastes filhas, praticando o bem e não temendo per­turbação alguma. Ef 5.22; 1Pe 3.6.

Aos Pais

         Vós, pais, não provoqueis vossos filhos à ira, mas criai-os na disciplina e na admoestação do Senhor. Ef 6.4; Cl 3.21.

Aos Filhos

         Filhos, obedecei a vossos pais no Senhor, pois isto é justo. Honra a teu pai e a tua mãe (que é o primei­ro mandamento com promessa), para que te vá bem, e sejas de longa vida sobre a terra. Ef 6.1-3

Aos Empregados e Trabalhadores

         Vós, servos, obedecei a vossos senhores segundo a carne com temor e tremor, na sinceridade do vosso coração, como a Cristo, não servindo à vista, como para agradar a homens, mas como servos de Cristo, fazendo de coração a vontade de Deus; servindo de boa vontade, como ao Senhor, e não como a homens, certos de que cada um, se fizer alguma cousa boa, receberá isso outra vez do Senhor, quer seja servo, quer livre. Ef 6.5-8.

Aos Patrões

         Vós, senhores, de igual modo procedei para com eles, deixando as ameaças, sabendo que o Senhor, tanto deles como vosso, está nos céus, e que para com ele não há acepção de pessoas. Ef 6.9.

A Mocidade em Geral

         Vós, jovens, sede submissos aos que são mais velhos; outrossim no trato de uns com os outros, cingi-­vos todos de humildade, porque Deus resiste aos soberbos, contudo aos humildes concede a sua graça. Humilhai-vos, portanto, sob a poderosa mão de Deus, para que ele, em tempo oportuno, vos exalte. 1Pe 5.5,6.

As Viúvas

         Aquela que é verdadeiramente viúva, e não tem amparo, espera em Deus e persevera em súplica e orações, noite e dia; entretanto a que se entrega aos prazeres, mesmo viva, está morta. 1Tm 5.5.6

A Todos em Geral

         Amarás ao teu próximo como a ti mesmo. Rm 13.9. Exorto que se use a prática de súplicas, orações, intercessões, ações de graça, em favor de todos os homens. 1Tm 2.1
Aprendam todos a lição. E em tudo em casa bem irão.

Questionário Cristão


Compilado pelo Doutor Martinho Lutero para aqueles que tencionam participar da Santa Ceia.
         Depois da Confissão e da instrução nos Dez Mandamentos, no Credo, no Pai Nosso e nos Sacramentos do Batismo e da Ceia do Senhor, o ministro perguntará, ou a pessoa a si mesmo:

1. Crês que és pecador?
         Creio, sou pecador.
2. Como sabes isso?
         Eu o sei pelos Dez Mandamentos, que não guardei.
3. Lastimas os teus pecados?
         Sim, lastimo ter pecado contra Deus.
4. Que mereceste de Deus pelos teus pecados?
         Mereci a sua ira e o seu abandono, a morte temporal e a condenação eterna.
5. Tens a esperança de ser salvo?
         Sim, tenho esta esperança.
6. Em quem confias?
         Confio em meu Senhor Jesus Cristo.
7. Quem é Cristo?
         Cristo é o Filho de Deus, verdadeiro Deus e verdadeiro homem.
8. Quantos deuses há?
         Há. um Deus em três pessoas: Pai, Filho e Espírito Santo.
9. Que fez Cristo por ti para confiares nele?
         Cristo morreu e derramou o seu sangue por mim para remissão dos meus pecados.
10. O Pai também morreu por ti?
         O Pai não morreu; porque o Pai é só Deus, como o Espírito Santo também é só Deus; mas o Filho é verdadeiro Deus e verdadeiro homem, que morreu e derramou o seu sangue por mim.
11. Como sabes isso?
         Sei isso pelo santo Evangelho e pelas palavras da Santa Ceia e pelo seu corpo e sangue, dados a mim neste Sacramento como penhor.
12. Quais são estas palavras?
         “Nosso Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou o pão, e, tendo dado graças, o partiu e o deu aos seus discípulos, dizendo: Tomai, comei, isto é o meu corpo, que é dado por vós; fazei isto em memória de mim. A seguir, depois de cear, tomou também o cálice e, tendo dado graças, deu-lho, dizendo: Bebei dele todos; porque este cálice é a nova aliança no meu sangue, derramado em favor de vós para remissão dos pecados; fazei isto, todas as vezes que o beberdes, em memória de mim”.
13. Então crês que o verdadeiro corpo e o verdadeiro sangue de Cristo estão no Sacramento?
         Creio.
14. Que te leva a crer isso?
         Leva-me a crer isso a palavra de Cristo: “Tomai, comei, isto é o meu corpo; bebei dele todos, isto é o meu sangue”.
15. Que devemos fazer ao comermos o seu corpo e ao bebermos o seu sangue, que recebemos como penhor?
         Devemos anunciar a sua morte e o derramamento do seu sangue e nos lembrar do que ele nos ensinou: “Fazei isto, todas as vezes que beberdes, em memória de mim”.
16. Por que devemos nos lembrar de sua morte e anunciá-la?
         Para aprendermos a crer que nenhuma criatura podia dar satisfação pelos nossos pecados, senão Cris­to, verdadeiro Deus e verdadeiro homem; e também para aprendermos a olhar os nossos pecados com terror, considerá-los graves e achar gozo e consolação nele só e, portanto, ser salvos por esta fé.
17. Que motivo o levou a morrer e a dar satisfação pelos teus pecados?
         O grande amor para com seu Pai, para comigo e para com outros pecadores, como está escrito em Jo 15.13; Rm 5.8; Gl 2.20; Ef 5.2.
18. Finalmente, por que queres participar do Sacramento?
         Para aprender a crer, como já foi dito, que Cristo, levado pelo seu grande amor, morreu pelos meus peca­dos, e também para aprender a amar a Deus e ao meu próximo.
19. Que deve advertir e mover o cristão a participar do Sacramento com freqüência?
         Quanto a Deus, deve mover-nos a ordem e a promessa de Cristo, o Senhor, e quanto ao cristão, a mi­séria que pesa sobre ele, a qual deu lugar à ordem, ao encorajamento e à promessa de Deus.
20. Que, porém, deve fazer uma pessoa, quando não sente esta miséria, nem tem fome e nem
sede do Sacramento?
         A essa pessoa não se pode dar melhor conselho do que adverti-la, primeiro, a meter a sua mão no seio e verificar se ainda tem carne e sangue; e em todo o caso creia no que diz a Escritura a esse respeito em Gl 5.19ss., e em Rm 7.18.
         Segundo, que olhe ao redor de si e verifique se ainda está no mundo e se lembre de que não haverá falta de pecados e de miséria, como diz a Escritura em Jo 15.18,19 e 16.20; 1Jo 2.15,16 e 5.19.
         Terceiro, ela terá de certo o diabo ao redor de si a todo o momento, o qual, por mentira e mortes, não lhe deixará ter paz interna e nem externa, tal como a Escritura o pinta em Jo 8.44; 1Pe 5.8,9; Ef 6.11,12; 2Tm 2.26.

N O T A

         Estas perguntas e respostas não são brincadeiras de criança, mas foram compiladas com toda a seriedade pelo venerável e piedoso Doutor Martinho Lutero para moços e velhos. Cada um veja bem e as considere cousa séria, pois São Paulo diz aos Gálatas, no capítulo sexto: “Não vos enganeis: de Deus não se zomba”.


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